quinta-feira, março 18, 2010

Abril

É uma sensação reconfortante ver algumas dezenas de adolescentes portugueses, alunos do Collège Lycée Honoré de Balzac, interessados em discutir o Portugal de Abril, sem dogmas ideológicos, sem partidarites, apenas com vontade de perceberem o que mudou nessa data de que os pais e os livros lhes falam.

E não deixa de ser igualmente curioso notar uma emoção verdadeira nas palavras do "proviseur" Jean Louis Tretel, um "soixant-huitard" à beira da reforma, ao recordar os dias em que a França de então olhou, com um espanto simpático, para a "Révolution des oeillets", nesse "país que parecia condenado ao silêncio".

4 comentários:

Nuno Sotto Mayor Ferrao disse...

É bom saber que a memória da Cultura e da História Portuguesas estão bem presentes na vida francesa, pois não nos podemos esquecer que a vida intelectual, literária e artística do nosso país é tributária do paradigma cultural francês. Estou-me a lembrar do historiador Fernand Braudel e da revista dos "Annales" que tanto marcou a Historiografia Portuguesa. Regozijo-me com os ecos da memória histórica portuguesa junto da nossa importante comunidade residente em Paris, tanto mais que neste ano de evocação da Revolução Republicana não podemos perder a evocação da genésica Revolução "dos cravos".

Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

Julia Macias-Valet disse...

"Chapeau !"

Helena Sacadura Cabral disse...

Comovente!

José Barros disse...

É de facto agradável constatar que jovens de descendência portuguesa se interessam pelo que se passou em Abril e é também de louvar ver responsáveis pela educação em França, como este Sr. Jean Louis Tretel, transmitirem aos alunos a vontade de saber o que então se passou. Não tenho conhecimento do espaço que a educação escolar em Portugal dedica a este período da nossa história; Todavia, uma conversa com um grupo de jovens de um liceu português que visitava Paris e com quem falei no Metropolitano, casualmente, deixou-me uma triste recordação e mágoa. Estávamos em 1990, apenas uns quinze anos depois de Abril, e os feitos históricos daquela época estavam emocionalmente tão apagados nas memórias dos jovens como se Portugal os tivesse vivido uma ou duas centenas de anos antes! Pareceu-me que a escola não estava a cumprir o seu dever; mas também pensei que Portugal teria entrado numa fase de viragem não perceptível do exterior e que até a história que se tinha vivido na rua, e que deveria estar viva na memória daqueles jovens, queria apagar. Portanto a memória é o que temos de mais precioso. Não apaguem a memória!

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