domingo, junho 27, 2010

Pierre Grosser

Pierre Grosser é, nos dias de hoje, uma personalidade muito respeitada no mundo da investigação histórica francesa sobre temas de política internacional, área em que a França, quase sempre muito "auto-centrada" na sua própria história, não tem muitos especialistas. Grosser é um deles e, na passada quinta-feira, tive um grande gosto em conhecê-lo pessoalmente, na sede da UNESCO, no dia em que recebeu o Prix des Ambassadeurs. A obra que valeu este prémio já foi destacada neste blogue - "1989 - l'année où le monde a basculé" - e é dedicada a esse ano-charneira em que a queda do Muro de Berlim correspondeu à queda de muitas ilusões e ao nascimento de outras tantas.

O Prix des Ambassadeurs é um galardão anual atribuído a uma obra de história política,  escolhida por um júri, constituído por  um grupo de vinte embaixadores, selecionados sob a égide da Académie Française, para o qual tive o gosto de ser convidado após a minha chegada e de que tenho grande honra de fazer parte. Foi criado em 1948 e já distinguiu obras de figuras da craveira de Saint-Exupéry, Simone Weil, Raymond Aron, André Maurois e Henry Troyat, entre muito outros.

Foi curioso ouvir Pierre Grosser, com um papel determinante na Escola Diplomática do "Quai d'Orsay", sublinhar a sua fidelidade ao trabalho de uma grande figura do pensamento conservador, como é o caso de Raymond Aron - a quem os acontecimentos de 1989 seguramente muito diriam, se acaso não tivesse desaparecido em 1983. Igualmente notei que Grosser increve afirmadamente o seu nome numa linhagem de estudos de história onde estão nomes como Jean-Baptiste Duroselle ou Pierre Milza, que muito ajudaram a minha geração diplomática a melhor compreender o mundo.

Não escondo que me agrada muito ficar ligado, nesta minha passagem por Paris, a uma iniciativa de destaque sobre uma dimensão relevante da vida intelectual francesa. 

2 comentários:

Anónimo disse...

"Melhor compreender o mundo."
(FSC:2010)

Urge...

Isabel Seixas

Nuno Sotto Mayor Ferrao disse...

Com a correria do dia-a-dia já me tinha esquecido desta sua referência bibliográfica, mas vou procurar ver se encontro por cá a edição, tanto mais que Raymond Aron foi um autor que, não obstante, a sua linha conservadora me ajudou na adolescência a compreender melhor o mundo em que vivíamos na altura.

Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

Fora da História

Seria melhor um governo constituído por alguns nomes que foram aventados nos últimos dias mas que, afinal, acabaram por não integrar as esco...