quinta-feira, dezembro 15, 2011

Sortido mediatico

"Deteta-se nas curvas um ligeiro excesso de acontecimentos que sao talvez o sinal da sua presenca, mas tambem nao se pode excluir que se possa tratar, simplesmente, de flutuacoes estatisticas emergentes por azar do ruido de fundo".

Uma algo longa hospitalizacao, com imobilizacao, da-nos tempo para ler sobre tudo. Ao passar ontem os olhos pelo "Le Figaro", dei-me conta de uma pagina dedicada, em exclusivo, ao bosao de Higgs, a famosa particula cuja (possivel) descoberta excita os especialistas, como o demonstra a descricao inspirada de um deles no jornal, que o paragrafo anterior reproduz.

Quando era jovem, havia as vezes la por casa uma revista chamada "Science & Vie", que complementava, julgo que com bastante mais rigor, as novidades cientificas que as "Selecoes do Reader's Digest" tambem nos traziam. Era um tempo em que as maravilhas da ciencia tinham grande popularidade. Nessa fase da vida em que os meus interesses nao estavam estabilizados nem muito priorizados, o tropismo para um conhecimento mais ou menos "renascentista" era frequente. Lia, entao, sobre quase tudo. O que, como vim a aprender a minha custa, foi uma perda de tempo.

As vezes, ainda sinto essa curiosidade residual sobre coisas muito diversas. E o vazio de tarefas, numa cama de hospital, pode criar essa tentacao. Mas so momentanea. O meu interesse por este e outros temas da ciencia (desculpa la, Jose Mariano) e' muito limitado e, decididamente, o bosao de Higgs, por mais importante que seja ou venha a ser (e se acaso existir mesmo), nao mobiliza a minha atencao.

Por isso, passei para a pagina seguinte do "Le Figaro", para a seccao de educacao, onde uma materia se destacava (tal como ja observara no "Le Monde"): as novas regras nos concursos de admissao a Sciences-Po. Ja e' azar! Outro assunto de "sciences" que nao me interessa nada e sobre o qual tambem nada sei.

Sendo assim, afinal vou "'a bola". A tempo de rever, na televisao, a bela vitoria do Chelsea de Villas Boas com um magnifico golo de Raul Meireles.

E mais nao escrevo porque fazer posts por iPhone, sem acentos nem cedilhas, provoca-me dores. De alma, claro.

12 comentários:

Helena Sacadura Cabral disse...

Senhor Embaixador
Passe para o iPad. O outro dia fiquei na sua situação. Nem til nem cedilhas. Ignara, claro está. Carregando um pouco na tecla lá aparecem as opções necessárias.
Desde que me transferi para os produtos Apple, ando a testar diariamente as minhas capacidades.
Só não tenho iPhone, porque o sistema "touch" em objectos reduzidos, me provoca "dores na alma"!

gherkin disse...

Saudoso amigo senhor embaixador. Ao referir-se a “uma longa hospitalização e imobilização”, bem como “fazer posts por Iphone, sem acentos”...etc. denunciou a razão do seu aviso quando à possível irregularidade dos seus preciosos artigos. Por isso, VENHO EXPRESSAR-LHE OS MEUS MELHORES VOTOS DE RÁPIDO RESTABELECIMENTO e agradecer-lhe, que não obstante as lamentáveis circunstâncias, felizmente que se contradisse, brindando-nos com HABITUAIS E SEMPRE BEM-VINDOS ARTIGOS. O habitual abraço do Gilberto Ferraz

Anónimo disse...

Hospitalização, mas não imobilização, das ideias, claro...

Não radicalizar os vetores de pensamento e os comportamentos sociais, flui da descomplexada leitura de um atento cidadão do mundo.

Que a situação clínica evolua rápida, com poucas dores e êxito total.

Respeitosos cumprimentos e saudações leoninas.

Anónimo disse...

Com muito respeito, Senhor Embaixador, não me parece bem manifestar esse desprezo irónico pelo bosão de Higgs. Eu e o Ronaldo Azenha temos estudado ultimamente com método e perseverança esse assunto e também o mistério da velocidade dos neutrinos. Ninguém pode ser impedido de estudar o que lhe interessa, quando finalmente tem possibilidade de o fazer. Mesmo que seja um ex-mordomo, como este seu admirador

a) Feliciano da Mata

Anónimo disse...

Temos textos na nossa literatura cujo genio foi rasgado no meio do sofrimento fisico: Foi assim com Luis Vaz de Qualquer Coisa com os Lusiadas; com Fernão Mendes Pinto na sua Peregrinação e até com Almeida Garrett nas  Viagens da 'sua' Terra...
Mas Alma Grande nem precisaria disso, e o nosso Embaixador também não!
Talvez o esforço seja maior, mas como os textos não foram "alterados" podemos presumir que tudo corre bem!
É o que muito sinceramente desejo, e que tudo volte rapidamente à normalidade.
José Barros 

Anónimo disse...

Grande post Embaixador amigo, mas talvez demasiado subtil para o seu mercado tradicional de leitores. Recupere pois bem precisamos de si.

Anónimo disse...

Inspirado. O que é feito do bosão?

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Senhor Embaixador,

Ao ler este seu post, não quero deixar de lhe enviar os meus votos de rápidas melhoras.

Anónimo disse...

Caro Embaixador,

Lamento o que presumivelmente lhe aconteceu.
Espero que não seja tão grave quanto o que há dias levou o Fernando Botelho para o Hospital de Cascais pela segunda vez.
Rápidas melhoras, tanto quanto possível com dores toleráveis e com leitura a condizer.
Isabel Botelho

Isabel Botelho

Helena Sacadura Cabral disse...

Ó Senhor Embaixador o acervo de conhecimentos dos seus comentadores é imenso.
Feliciano da Mata sentiu-se descriminado. Tem razão. A um ex-mordomo da sua qualidade tolera-se tudo. E as minhas portas continuam abertas para o receber. Mordomos da sua qualidade, quem os tem, jamais devia dispensa-los.

Depois José Barros lembra, muito oportunamente, como o sofrimento permitiu na nossa literatura grandes obras primas. Ou irmãs, se preferirem. É um facto!

Finalmente, alguém pergunta, e bem, o que é feito do bosão?

Isabel Seixas disse...

Um segredo terapêutico para a cura da dor da alma, é sem sombra de dúvida "também" um recurso interno e pessoal de autopromoção da calma.

E para além dos mecanismos de auto ajuda, conte também(além da equipa de saúde) com o emanar da nossa aura de pensamentos positivos para a sua convalescença,o mais rápido possivel ,claro.

Um Jeito Manso disse...

Caro Embaixador,

Por ter andado um bocado 'noutra', só hoje estou a pôr as minhas leituras habituais em dia pelo que apenas hoje li este post, desencilhado, desacentuado mas com a graça e humor do costume. Entretanto, vi que, posteriormente, já apareceram mais dois textos já todos alinhados com o preceituário vigente. Portanto, concluo que as melhoras se têm estado a verificar.

Ainda assim, e apesar de não fazer parte dos 500 (sou naturalmente 'desenfiada', nem partidos, nem clubes de futebol, nem nada do género pelo que não me vejo seguidora de ninguém), quero dizer que aqui estou a torcer para que se ponha bom, sem dores, sem condicionantes.

As melhoras!

Só para lembrar

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