sexta-feira, maio 18, 2012

Cargos

aqui havia falado neste assunto, suscitando então reações curiosas. Volto à carga, porque a questão se repete agora.

No novo governo francês, Laurent Fabius acaba de assumir a pasta de ministro dos Negócios Estrangeiros. Trata-se de uma grande figura da vida política francesa, que já foi primeiro-ministro e presidente do parlamento. A indigitação de um antigo chefe do governo para um cargo de ministro não suscitou aqui o menor comentário ou estranheza.

Alguém está a ver, em Portugal, um antigo primeiro-ministro a voltar a integrar um governo, como ministro? Por que será?

16 comentários:

T D disse...

a pergunta é boa!

bravo, senhor Embaixador.
e não devemos esquecer que é um dos mais "velhotes" deste governo.
e não devemos esquecer que a maioria deles são funcionários do Estado Francês!
e não devemos esquecer que não são gestores vindos do "privado" carregados de referências universitárias de "outras bandas" - Canadás e afindos.
felizmente que a França permitiu ter um René Monory como ministro e presidente do Senado. um homem que era um simples "garagista" que apresentou como diploma um "brevet" mas que implementou o Futuroscópio!
seria um exemplo para a nossa lusitânia onde os "canudos" continuam a contar mais do que os "saberes"?

a pergunta é boa, mas só sei que não tenho a resposta. esta só se encontra no fundo das urnas (de voto) e no profundo dos seres...

Anónimo disse...

Porque a presunção e água benta é muito mais barata em Portugal e cada um toma a que quer.
José Barros

Carlos de Jesus disse...

Permita-me avançar duas hipóteses:
Hipótese cultural – Mesmo se é a França que é apontada como uma monarquia republicana, é em Portugal que o peso das classes sociais e dos pergaminhos é mais arreigado, donde, baixar de posto é uma desonra...
Hipótese constitucional – Ao contrário de Portugal, a França é governada por um regime presidencialista. Todo o poder político está nas mãos do presidente. Um primeiro-ministro não é senão um ministro, porventura com os poderes dum presidente do conselho de ministros, mas tão-somente para gerir as questões de intendência. Num tal contexto, ser primeiro-ministro ou ministro dos negócios estrangeiros, o grau de ascendência de um sobre o outro não existe com a mesma acuidade que em Portugal, daí o facto de os franceses não verem nesta nomeação (uma escolha do Presidente) nenhuma «despromoção».

Anónimo disse...

Por acaso já vi um ex- primeiro ministro a voltar quase a uma câmara municipal e ele andar por aí...

Anónimo disse...

Mas claro que Portugal é um país diferente. Quem não sabe isto não conhece este país.

Helena Sacadura Cabral disse...

Senhor Embaixador
Como é que isso seria possível, em Portugal, se quando saem têm logo um lugarzito numa PPP ou num CA de uma empresa pública?!
Fabius fará um excelente lugar de MNE e eu ficarei muito feliz com isso, porque sempre o admirei. Ter aceite este cargo só comprova a sua excelente qualidade!

Santiago Macias disse...

Tem toda a razão de ser, este seu comentário. Em Portugal, o caminho é sempre ascensional. Qualquer outro percurso tem sempre leituras mais ou menos crípticas. Os exemplos podem multiplicar-se, a todos os níveis. Na insignificância da minha carreira política (vereador de um pequeno município do interior) tenho um caso, que me divertiu bastante: de nº 2 (e vice-presidente), em 2005, passei para nº 4, em 2009. Tal sucedeu a meu pedido. As leituras locais foram, porém, complexas. Por muitas passaram as sombras da Praça Lubianka ou do expresso para Novosibirsk...
Não posso deixar de saudar o sentido de serviço à República de um homem como Laurent Fabius.

Isabel Seixas disse...

Não sei se existem teorias explicaticas sobre o assunto com autores vários crediveis e com artigos em revistas indexadas, mas sei, também da psicologia social, que há um complexo (Claro por inerência redutor)que existe uma classificação tácita e hierarquizada por ordem decrescente de poderes socialmente aceites, que constituem a representação social
de maior/melhor cargo.

Agora indubitavelmente também a experiência prática em politica deveria ser considerada como experiência relevante que traduzisse uma mais valia em reforço curricular...Sendo até prova de prevenção de erros,por experiência em erros cometidos...
(admito que possa ser anjinho...)

Anónimo disse...

Vou andar por aí... Não conta !?

Anónimo disse...

Caro Sr.Embaixador, seria o mesmo que pedir a colegas seus que deixassem de ser Embaixador para serem Consul-geral. Seria bonito.

EGR disse...

Senhor Embaixador:não me parece que,em Portugal, isso fosse possível.
Mas, se acontecesse seria visto como uma especie de "despromoção" de quem aceitasse o cargo ministerial.
Enfim,tristes singularidades portuguesas na forma como se entende a prestação do serviço ao país.

Anónimo disse...

Há poucos anos o Presidente Jorge Sampaio voltava a estar nas mesas de voto da freguesia. Perante a curiosidade de algumas pessoas que conhecia, ia respondendo: serve-se na democracia em qualquer função, independentemente dos lugares que já nos coube desempenhar. Numa dessas eleições, a mesa teve de "recontar votos" até às 23.00h. O Senhor Presidente petiscava uns croquetes (de que é muito apreciador) sem poder sair da sala, e, sempre prazenteiro nos ditos que lançava sobre a confusão da contagem dos votos,que se tinha generalizado no concelho de Lisboa, nessas eleições autárquicas. São poucos os políticos que nos dão este exemplo, para aprendermos a valorizar melhor o sistema democrático, como um bem maior da sociedade. De cada vez que isto acontece a democracia se fortalece!

Cunha Ribeiro disse...

Por que será?
Humildade, em Terras de França; carreirismo provinciano por cá...

patricio branco disse...

ieltsin-putin; putin-medvedev; medvedev-putin; putin-medvedev.

José** disse...

Monsieur L'Ambassadeur,

Pour plus de confort je prends la liberté de m'adresser à vous et aux lecteurs en français. Tout d'abord j'aimerais louer la qualité de l'espace de dialogue que vous maintenez ici. C'est sans aucun doute un lieu rare et digne d'être conservé.

Suite à la nomination du nouveau gouvernement, votre texte tente une comparaison entre France et Portugal des usages des respectives élites dirigeantes. C'est en effet très instructif de se prêter à cette analyse. Ceci dit permettez-moi de dériver légèrement du sujet en soulevant les questions suivantes :
En ce qui concerne la récente application anticipée de l'accord orthographique de 1990, pensez-vous que les dirigeants français auraient eu une approche identique à leurs congénères portugais, à savoir un simple vote parlementaire sur ce sujet d'une extrême sensibilité ?
Une deuxième question si vous me permettez encore : Pensez-vous que les dirigeants français auraient eu la même attitude de déni que leur congénères portugais adoptent actuellement face à la contestation de l'application de l'accord orthographique qui remonte de la société civile ?

Je vous remercie par avance de vos éventuelles réponses et reste à votre disposition pour contribuer à un non moins éventuel débat.

Mes respectueuses et sincères salutations.
JHP

Francisco Seixas da Costa disse...

Cher JHP
Je retiens de votre commentaire le concept d' "un simple vote parlementaire". Est-ce que vous considérez qu'une écrasante majorité parlementaire (avec l'appui de tous les partis représentés au parlement portugais) signifie très peu dans la vie démocratique d'un pays? Nous sommes une démocratie représentative (c'est-à-dire: nous choisissons des députés pour nous représenter), et non pas une démocratie plébiscitaire.
Pour ce qui est de la réaction de certains secteurs face à une loi approuvée (par le gouvernement et par le parlement), ratifiée (par le chef de l’État) et ayant les instruments de ratification déjà échangés, je tiens à souligner qu’il y a toujours un moyen de renverser les décisions juridique qui ont été prises: convaincre les députés à faire changer la loi. C'est très simple. Ou, s'il n'est pas simple, ça signifiera que la majorité prévaut sur la minorité. Et ça a un nom, très ancien: démocratie.
Bien à vous, cher Ami

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