sábado, maio 10, 2014

Melhor do que emagrecer

Não obstante a ausência da figura tutelar do Nuno, a tertúlia da "Dois", no "Procópio" de sempre, esteve ontem muito animada. A deslocação de um causídico nortenho à capital contribuiu para animar as hostes, reforçadas com um diplopoeta conjunturalmente repatriado. O mesmo que, ao fim da noite, deixou no seu Facebook estas estrofes.

O SENTIMENTO DE UM ALSACIANO

No bar Procópio, ao anoitecer,
há tal alacridade, tal folia,
que os bulícios, o Tejo, a maresia,
fazem até questão de se esconder.

Alice veio dar- me as boas-vindas
e o Senhor Luís minha bebida.
Falamos com amor das coisas lindas
que tantas comezainas dão à vida...

Ali onde se urdiram tantos golpes
e derrotas se fizeram alegria,
contamos das artroses, dos joelhos

desfeitos sob o peso (nao me voltes

a falar da dieta que eu devia...)
E diz o alsaciano: trapos velhos?

Talvez! Na nossa mesa eram vermelhos...


Mas o nosso homem não ficaria sem resposta. Poucas horas era passadas, e logo um ausente, também ele diplomata, de pena fácil e elegante, deixava pela sua facebookica folha uma resposta:

À NOITE


Naquela tertúlia de burgueses
Há sempre coisas simplesmente loucas,
E que sem histórias nem entremezes
Em todo o caso merecem umas bocas.

Como quando tu, já feito alsaciano,
Todo fresco na Dois te sentaste.
E, rodeado de carinho lusitano,
Reconheces a Pátria que deixaste.

Ele é Luís, ele é Carlos e até Alice
Correm à Dois cheios de alegria.
Houve abraços, risos, tagarelice,
E pão-de-ló molhado em malvasia.


Então, um diplomata que é poeta,
O que faz se a ocasião enseja?
Toma, rápido,da cibercaneta
E sobre aquele episódio verseja.


Ainda diziam por aí que "não havia Necessidade(s)"...

4 comentários:

Unknown disse...

Gosto do Procópio, pois então
é das melhores coisas de Lisboa
como gosto de iscas e empadão
mas temperados à moda de Goa

Diplopoetas, mas que admiração!
Nunca pensei que nas Necessidades
existisse uma rima por procuração
que chegasse a muitas cidades

Mas a estória é sempre estória
e quando aparece nessas noites
traz-me lembranças à memória

As palavras duras, quais açoites
com copos e ditos até mais não;
mas prefiro as noites de Mormugão

(Uma contribuição - sem Maria Luís, abrenuncio - para a versalhada começada)

Anónimo disse...

Diplopoetas, ai, Senhor Ferreira,
é mesmo o piorio que aparece!
É gente que anda aí, eira nem beira,
a ver se alguém os lê e reconhece!

Lá na Travessa não os deixe entrar,
infestam-lhe o blog de sonetos
e se, quais moscas, os quiser caçar,
fogem como morcegos pelos tectos.

Diplopoetas são a nova praga
que desceu, como a troika, com voz doce,
a fingir que consolam e que ajudam

e depois, no Procópio ou em Braga,
é vê-los a cortar com nova foice
e a martelo julgarem que nos mudam…


a) Feliciano da Mata, poeta sem qualidades, anti-poeta, odiador de poetas e tudo


patricio branco disse...

magnificos talentos poeticos estampados em 3 sonetos (ou quase)divertidos, meio satiricos, meio circunstanciais, alsácia lisboa procópio goa mormugão tostas pão de ló empadão mesa 2 e tertulias de burgueses, poetas, diplomatas etc

Isabel Seixas disse...

melhor que emagrecer
era alterar a cultura
fazer o corpo parecer
"fremosura" de gordura


Melhor que emagrecer
só mesmo adoçar a vida
em convívios de invejar
pontos de encontro e partida
ânsia de voltar a voltar...

melhor que emagrecer
era alterar a cultura
fazer o corpo parecer
"fremosura" de gordura...



Que inspiração em Sonetos à desgarrada...
Sempre multifacetado, agora também poeta,
Feliciano da Mata, trovador saído do nada
desvenda com algum fel a sua nova faceta...

melhor que emagrecer
é partir à aventura
dar à amizade prazer
cometer "qualquer" loucura...



Fora da História

Seria melhor um governo constituído por alguns nomes que foram aventados nos últimos dias mas que, afinal, acabaram por não integrar as esco...